
Romã, uma aliada contra o Alzheimer
Engenheira de alimentos desenvolve microcápsulas da casca da fruta que pode ser adicionada em sucos sem alterar o sabor, e ainda possui ação similar aos medicamentos usados para tratar a doença de Alzheimer.
Uma pesquisa realizada no Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (ESALQ), da Universidade de São Paulo, pela Engenheira de Alimentos e doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Maressa Caldeira Morzelle, demonstrou que a casca da romã pode prevenir o surgimento do mal de Alzheimer.
A doença é uma enfermidade progressiva e até hoje incurável. Ela atinge principalmente idosos, provoca degeneração dos neurônios, ou seja, leva o paciente a perder sua capacidade cognitiva e, na maioria das vezes, é fatal. No Brasil, cerca de 900 mil pessoas já foram diagnosticadas com a doença.
O estudo detectou que a casca da romã apresenta maior quantidade de compostos bioativos e atividade antioxidante do que sua polpa – a casca contém 95% mais compostos fenólicos (os principais responsáveis pela ação antioxidante) do que a polpa. Maressa explica que a casca é riquíssima em flavonoides, antioxidantes que impedem a ação de radicais livres e evitam a morte de neurônios.
Apesar de ter quase dez vezes mais antioxidantes do que a polpa, o gosto ruim da casca da romã faz com que ela seja pouco consumida. Para mascarar esse sabor, Morzella revestiu extratos da casca com um filme protetor feito de polímeros, compondo uma microcápsula sem perder os compostos que atuam contra o Alzheimer, podendo ser diluída ou adicionada a sucos de outros sabores.
Esses compostos contribuem para o bom funcionamento do organismo a prevenindo de doenças, pois reduzem as reações de degradação oxidativa, além de auxiliar no tratamento do mal de Alzheimer ao impedir a degradação da acetilcolina, neurotransmissor essencial para o processo de formação da memória e que se encontra em baixa quantidade no cérebro de quem tem a doença.
A pesquisadora e sua orientadora, professora Jocelem Mastrodi Salgado, fizeram experimentos em camundongos, verificando que o consumo do extrato da casca da romã é capaz de inibir a atividade da enzima acetilcolinesterase em até 77% nos animais. Outro dado importante é que os camundongos tratados apresentaram níveis altos de substâncias que favorecem a sobrevivência dos neurônios, e foram capazes de reduzir placas amiloides, uma das principais características da doença de Alzheimer. Além disso, os animais que consumiram a casca da romã apresentaram melhor manutenção da memória do que os que não a ingeriram.
Maressa, porém, é cuidadosa: “É preciso muita cautela ao extrapolar estes resultados para humanos. Os resultados obtidos na pesquisa em camundongos foram melhores do que imaginávamos, mas ainda existe um longo caminho para que possamos transferir estes dados aos seres humanos”, disse.
Fonte: Jornal USP - http://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/pesquisa-investiga-uso-de-compostos-da-casca-da-roma-para-prevencao-do-alzheimer/