
Nova variedade de batata da Embrapa poderá diminuir perdas nas lavouras
Uma variedade de batata com maior resistência ao agente causador da requeima (maior problema das lavouras em todo o mundo) e ao mesmo tempo com aparência, tamanho e sabor que atenda ao mercado é o grande desafio da BRS Clara, que estará sendo apresentada a cadeia produtiva da Região Sul na terça-feira, 21 de dezembro, a partir das 8h30, na Estação Experimental Cascata (ECC), da Embrapa Clima Temperado.
O trabalho coordenado pelo pesquisador Arione Pereira, iniciado em 2000, resultou numa batata adaptada às condições brasileiras especialmente, com significativa resistência ao “Phytophthora infestans”, oomiceto responsável pela requeima, que ao longo dos anos tem sido a mais devastadora das doenças nas lavouras de batata em todo o mundo.
A pesquisa, segundo Arione, mostrou que essa variedade desenvolvida apresenta essas características de resistência tanto em lavouras tradicionais que utilizam produtos químicos, como em plantações que utilizam as técnicas recomendadas pela agroecologia.
Nos dois modelos, a orientação da pesquisa recomenda que essa característica ganha mais proteção quando o manejo e o uso de produtos químicos são executados de maneira adequada pelo produtor.
O mercado também terá a disposição um produto desenvolvido segundo as exigências do consumidor, que prioriza a aparência bonita, recém colhida e “com cara de recém colhida”, o tamanho médio e com sabor característico. No caso da BRS Clara, a aptidão mais recomendada é para a utilização em saladas e outros pratos afins, segundo testes realizados pela pesquisa.
Sementes - A previsão de disponibilidade de sementes certificadas, indica que a partir de julho de 2011, deva estar sendo disponibilizada no mercado, em quantidades limitadas. As características de resistência e aparência da BRS Clara revelam o otimismo dos pesquisadores, com relação ao seu impacto no mercado. “Hoje, nós temos a pretensão de que a Clara ocupe um generoso espaço nos cerca de 140 mil há que estão sendo cultivados com batata anualmente no país”, diz Arione.
Importador de sementes, o Brasil, ainda depende especialmente de cultivares oriundos da Holanda, o que determina um custo mais elevado na produção. A preocupação com o desenvolvimento de sementes adaptadas ao clima brasileiro pode, desde que tenha maior oferta, oportunizar a garantia de mais negócios, empregos e renda para a sociedade.
Outro exemplo da importância da pesquisa para o desenvolvimento de novas variedades e produção de sementes no país está relacionada com o interesse de uma grande empresa dos Estados Unidos na variedade BRS Eliza, desenvolvida também pela Embrapa, lançada em 2002 e que é a primeira a receber certificação de propriedade.
O interesse norte-americano desse grupo localizado no Estado de Idaho, na região de maior produção de batata do país, se deve as características de coloração da polpa (amarela) e película lisa, que é uma tendência crescente no mercado fresco daquela nação. Os trabalhos de teste em Idaho, já foram iniciados e estará nos próximos dias sendo submetida a testes no mercado. No caso de aprovação, a BRS Eliza poderá se tornar a primeira variedade de batata brasileira a receber royalties internacionais.
Essa possibilidade revela o pesquisador, é inédita para a produção desenvolvida no país e mostra o atual estágio instalado nos laboratórios da Embrapa em todo o país, bem como em outras instituições de pesquisa brasileira, em relação ao domínio da genética e sua significativa contribuição para o negócio da cadeia produtiva da batata.
Source: Embrapa