APAS: ceia de Natal 2010 será mais refinada

Mix de produtos será incrementado por produtos importados

 

A melhora do poder de compra das classes populares e a variação do câmbio, que puxou para baixo o custo de alguns produtos, resultará em uma procura 20% maior por importados na ceia de Natal, em comparação com o ano passado. Para a Associação Paulista de Supermercados (APAS) os preços dos importados terão queda de aproximadamente 5% neste ano, principalmente em razão da valorização do real ante o dólar.

O consumo de importados não-alimentos (brinquedos, eletrônicos, etc.) deverá crescer perto de 30% e os alimentícios cerca de 10%. “Com a melhora do poder aquisitivo da população, a busca por produtos mais sofisticados é natural“, esclarece o diretor de Economia da APAS, Martinho Paiva Moreira, que apesar da boa expectativa para os importados prefere ficar mais conservador nas expectativas para o Natal.

Toda a movimentação natalina deve gerar cerca de 50 mil empregos temporários, crescimento de 8,3% no número de profissionais para atuar na promoção, reposição, demonstração e degustação de novos produtos. Neste ano as dificuldades de contratação de profissionais qualificados para o varejo resultará em um déficit de preenchimento de 10 mil vagas.

A expectativa global das vendas para o Natal é de um volume 10% superior ao registrado no ano passado, tendo em vista a economia estável e a ascensão das classes populares. O panetone será o símbolo da entrada destes novos consumidores no mercado natalino, tendo em vista que em outros natais muitos almejavam o produto, mas não conseguiam comprá-lo.

A expectativa do setor supermercadista para as vendas de panetones neste ano aponta para um aumento do consumo próximo de 10% em relação ao ano anterior, chegando ao patamar de 50 mil toneladas no Brasil, 40 mil das quais deverão ser vendidas nos supermercados. A APAS estima que metade da produção anual de panetone, produto considerado um fenômeno urbano, deverá ser devorada pelos paulistas após a 2ª parcela do 13º salário (dia 20), o que deverá elevar os preços do produto neste período mais próximo ao Natal.

Hoje, 55% do mercado de panetones ainda é de frutas e 45% à base de chocolate. “Os consumidores jovens preferem o de chocolate, por isso as novidades serão maiores neste segmento”, aponta Moreira. A participação das marcas próprias dos supermercados deverá ter procura 18% mais elevada.

Além dos tradicionais panetones, também cresce muito a demanda por alimentos específicos da época, como carnes, aves, tender, bacalhau, frutas secas, bebidas e azeite.

Carne bovina - A carne é um produto que depende muito de aspectos naturais para ser precificada, em razão do regime das chuvas influenciar a riqueza do pasto, impactando na engorda do boi e aumentando o preço da arroba. Além disso, a alta demanda pelo produto durante as festas de final de ano faz com que o preço suba nas prateleiras.

Tradicionalmente, a carne começa a baixar o preço no final do ano, mas em função de uma menor oferta de animais para abate por parte dos pecuaristas os preços não devem baixar neste final de ano, encarecendo o churrasco.

Aves - O frango, o peru e as aves comemorativas em geral terão procura semelhante à do Natal passado, mas com acréscimo de 9% nos preços em razão da alta demanda proporcionada pela migração do consumidor de carnes.

Para atender os consumidores de classes populares, que não têm como acondicionar aves por não terem freezer, os supermercadistas terão um incremento nos estoques, pois as câmaras frias são insuficientes para suprir a alta demanda do dia-a-dia. Os fornecedores firmam parcerias para proporcionar um maior suporte neste período.

Frutas secas - Há uma constatação de que o paladar para frutas secas é mais exigente, principalmente vinculado à produção caseira de bolos e tortas contendo tâmaras, damascos, figos e cerejas.

As frutas oriundas do mercado nacional deverão seguir a projeção de alta do panetone, com ampliação de 10% do volume de vendas.

Bebidas - Entre as bebidas, destaque para o vinho, que apresenta anualmente alta procura em dois momentos, correspondentes ao inverno e às festas de final de ano. Os vinhos importados, por exemplo, terão aumento de mais de 15% no volume em vendas atrelados principalmente à valorização do real.

Os vinhos mais procurados são os argentinos, chilenos e italianos, resultando em um incremento de 15% no volume global de vendas.

As bebidas nacionais e mais simples, como as gaseificadas de cidra e maçã, estão sujeitas ao reflexo da alta procura por importados e poderão registrar estagnação nas vendas. Na contramão, os espumantes Premium deverão apresentar crescimento de vendas de 20%, beneficiados pelos preços baixos.

Bacalhau - O bacalhau importado já chegou ao Brasil, portanto, não existem produtos em trânsito que podem ser tarifados pelo preço mais elevado do dólar. Com isso, não se espera aumento desse produto para o consumidor final. As vendas deverão apresentar crescimento de 5% em comparação com o ano anterior, mas os importadores já estão prevenidos.

Azeite - Para o azeite, inseparável complemento do bacalhau, também não existe nenhuma estimativa de que o preço suba no ponto de venda nas próximas semanas. A perspectiva é de manutenção dos níveis atuais, mas com aumento de 15% na procura.

Fonte: Alimento seguro