Praga na Melancia

Durante o plantio desta safra o agricultor Denilson Negrão esperava colher 200 mil melancias em uma área de 50 hectares. Mas ele colheu apenas 30 mil. A produtividade decepcionou. “O clima não está muito bom. Está fazendo muito calor durante o dia e muito frio durante a noite”, disse.

Espírito Santo do Turvo e Domélia, distrito de Agudos, produzem juntos, por ano, cerca de 40 mil toneladas de melancia. Mas desta vez apenas dez mil devem ser colhidas em boas condições.

A estiagem dos últimos meses e as mudanças bruscas de temperatura prejudicaram a produção. Além disso, muitas frutas foram atingidas pelo pulgão, inseto responsável por uma doença que faz a melancia ficar com a casca manchada e miolo esbranquiçado.

“No fim, ela acaba perdendo valor de comércio, valor de mercado. O fruto fica com uma aparência mais inferior”, explicou o agrônomo Atílio Bertolino Filho.

Em uma propriedade da região foram plantados 80 hectares de melancia. Sessenta por cento da produção apresentou algum tipo de problema. Para o produtor não ficar no prejuízo ele está tendo que negociar com pequenos comerciantes as frutas que já perderam valor de mercado. Muitas delas acabam sendo vendidas até pela metade do preço de uma normal.

O agricultor Jair Gabriel vendia o quilo da melancia em bom estado por R$ 0,50. Mas para não ter prejuízo maior, agora ele negocia as que estão fora do padrão por R$ 0,25 o quilo. “É uma boa saída. Assim, a gente aproveita tudo”, avaliou.

Esta deve ser uma das piores safras de melancia dos últimos dez anos no centro-oeste paulista. Mesmo assim, o seu Jair não pensa em desistir da plantação. "Se Deus quiser, vai melhorar", disse.

São Paulo é o quarto produtor nacional de melancia. Fica atrás do Rio Grande do Sul, da Bahia e de Goiás.