Leite: Vilão ou mocinho?

Apesar do leite ser um alimento muito nutritivo, algumas pessoas são privadas de consumir o leite e seus derivados.

O leite é a base de numerosos laticínios, como a manteiga, o queijo, o iogurte e outros, sendo muito frequente também, o uso de seus derivados nas indústrias alimentícias, químicas e farmacêuticas. Seu consumo por humanos começou há aproximadamente 11.000 anos com a domesticação do gado e é, até hoje, uma importante fonte alimentar para muitas pessoas, além é claro, de ser uma fonte de renda para países especializados no ramo leiteiro, a exemplo do Brail.

É um alimento muito nutritivo, uma combinação de aproximadamente 12 a 13% de sólidos e aproximadamente 87% de água. Os principais elementos sólidos do leite são lipídios (gordura), carboidratos, proteínas, sais minerais e vitaminas. O carboidrato de destaque é a lactose, a qual é produzida pelas células epiteliais da glândula mamária e é a principal fonte de energia dos recém-nascidos. Quanto às proteinas, a principal delas é a caseína, que apresenta alta qualidade nutricional e é muito importante na fabricação dos queijos, sendo bastante estável a altas temperaturas quando o leite é pasteurizado.

No entanto, apesar de tamanha contribuição nutricional, algumas pessoas são privadas de consumir o leite e seus derivados. Essas pessoas são aquelas que possuem alergia ao leite de vaca e/ou intolerância à lactose, duas patologias diferentes, porém com significativo impacto na alimentação das pessoas e consequentemente em seu estado nutricional, quando não entendidas e tratadas adequadamente.

A intolerância ocorre porque o organismo não produz ou passa, por algum motivo, a produzir pouca quantidade da enzima lactase, responsável pela digestão da lactose. Em consequência, a lactose se acumula no intestino, sofrendo processo de fermentação pelas bactérias locais, com formação de gases, provocando diarreia, cólicas, distensão abdominal e desconforto gastrointestinal.

Já a alergia ao leite de vaca é provocada pelas proteínas presentes no leite, principalmente a globulina, que é identificada pelo sistema imunológico como um agressor, um agente estranho que precisa ser combatido. A partir da ingestão destas proteínas o sistema imunológico desencadeia uma verdadeira "batalha" contra elas e esta guerra é a responsável pelos sintomas de diarréia, distensão abdominal, flatulência e ainda lesões na pele, como urticária e coceira, sintomas respiratórios, inflamação da  mucosa intestinal e até pequenos sangramentos intestinais.

O tratamento dependerá do quadro e da doença apresentada por cada pessoa. Na intolerância o componente que precisa ser excluído da dieta, ou pelo menos ingerido em menor quantidade é a lactose, enquanto que na alergia deve-se excluir totalmente a proteína e mesmo frações dela, pois até mesmo alimentos contendo traços de proteínas do leite podem desencadear o processo alérgico. Sendo assim, a leitura de rótulos, tanto de alimentos quanto medicamentos, torna-se obrigatória e faz-se necessário desenvolver estratégias e utilizar produtos alternativos para substituir o leite na alimentação.

Fonte: Nutrição em Foco