Consumidor corre risco com falta de controle das temperaturas dos balcões dos supermercados

Foi o que constatou pesquisa em cinco super e hipermercados feita em parceria entre a PRO TESTE e Ipem-SP. (16/03/2010)

Na compra de alimentos refrigerados nos supermercados o consumidor deve redobrar os cuidados para não levar para casa produto em processo de deterioração por falta de armazenamento em temperatura adequada. Nas gôndolas, 71% dos produtos estão sendo conservados em uma temperatura acima do ideal, propiciando a multiplicação dos microrganismos presentes nos alimentos. Isto representa um risco para a saúde do consumidor.
 
Foi o que constatou pesquisa em cinco super e hipermercados localizados em três cidades do litoral de São Paulo (Guarujá, Praia Grande e Santos), feita em parceria entre a PRO TESTE Associação de Consumidores e o Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem-SP). Foram verificadas em janeiro e fevereiro últimos as condições de armazenamento de produtos resfriados, por dois parâmetros: temperatura e análises microbiológicas.
 
O Superintendente do Ipem-SP, Fabiano Marques de Paula, explica que essa fiscalização não faz parte do escopo do órgão que dirige, mas foi resultado de uma  parceria com a PRO TESTE para que técnicos do Centro Tecnológico do instituto, capacitados para o trabalho, fizessem a análise dos balcões. "O resultado é alarmante. Esperamos que a Anvisa, órgão responsável por esse controle, tome medidas para evitar que o consumidor seja prejudicado, na saúde e no bolso".
 
Numa situação ideal, para ter certeza que o produto está sendo armazenado de forma segura, o consumidor deveria ler no rótulo do produto a temperatura máxima de conservação informada pelo fabricante e comparar com a temperatura do termômetro do balcão frigorífico. Infelizmente, de acordo com os resultados do teste, para boa parte dos produtos embalados pelo próprio supermercado, isso ainda não é possível, pois se constatou que muitas vezes, a recomendação de temperatura não consta no rótulo e a temperatura do termômetro externo dos balcões não condiz com a temperatura real dos equipamentos.
 
Na análise das temperaturas internas dos alimentos isoladamente, se observou que 96% dos produtos apresentam algum tipo de risco microbiológico por se encontrarem com temperaturas que variam de 6.5oC (bife de patinho do Carrefour, Santos - onde a temperatura recomendada pelo fabricante é de 4oC) a 20.9oC (prato pronto para consumo a base de maionese e legumes do Extra, Praia Grande).
 
Todos os estabelecimentos visitados apresentaram não-conformidades em pelo menos um dos itens levados em conta na análise. Na parte microbiológica 88% dos alimentos analisados tiveram resultado positivo para bolores e leveduras; 76% para coliformes totais; e 8% para coliformes totais.
 
A contaminação por bolores e leveduras está relacionada, principalmente, a problemas na conservação e armazenamento do produto. A contagem das bactérias do grupo dos coliformes totais é utilizada para avaliar as condições higiênicas de processamento e armazenamento (contaminação pós-processamento, higienização deficiente, tratamentos térmicos ineficientes ou multiplicação durante o processamento e estocagem). A presença de coliformes fecais indica que, de maneira direta ou indireta, material fecal entrou em contato com os alimentos.
 
Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da PROTESTE observa que os resultados refletem a situação dos estabelecimentos apenas no período em que as análises foram conduzidas. No entanto, o teste é um alerta. A temperatura de conservação dos produtos deve ser indicada em todos os rótulos, mesmo aqueles de produtos fabricados, fracionados ou embalados no próprio estabelecimento. Essa é uma informação importante também para guardar de forma correta os alimentos.

Source: Alimento Seguro