Leilão virtual
Parte do feijão que brota na fazenda do agricultor Jesse Prates já tem destino certo: a comercialização pelo site da Bolsa de Mercadorias brasileira. Há uma semana ele vendeu mil sacas de 60 quilos no leilão da internet. Uma carga foi para o sudoeste do Paraná e outra para a Bahia.
“Depois de terem carregado o feijão e pago certinho, eu me sinto seguro e vou participar do próximo leilão que tiver”, falou Jessé.
Mais de seis mil sacas de feijão já foram negociadas por meio de pregões virtuais. O sistema, que vinha sendo estudado pelo Instituto Brasileiro de Feijão há cinco anos, começou a funcionar em fevereiro e só foi possível graças a um método seguro de avaliação da qualidade do produto, que começa logo após a colheita.
“É coletar a amostra da maioria dos lados que é possível coletar. Em todos os lados é feita a coleta”, disse o classificador Osny da Silva.
O saquinho lacrado fica com o dono do produto. Outro é arquivado pela empresa de classificação. Uma terceira quantidade é colocada no equipamento chamado de quarteador.
Uma pequena amostra é levada para analise, conforme os critérios de classificação. Com uma peneira e uma pinça, são separados os grãos danificados, quebrados, germinados, mofados, ardidos, amassados, imaturos e as impurezas encontradas na amostra. Depois são verificados a umidade e o odor.
Outro aspecto, que também conta muito quando se observa a qualidade do feijão carioca, é a cor. Na hora da comercialização, conforme a cor, o feijão tem uma nota. Para determinar essa nota e levar a imagem do feijão para a internet está sendo utilizado o colorímetro, um novo equipamento.
“O equipamento é introduzido na amostra. Ele emite um sinal sonoro, um flash de luz e gira 360º. Quando acende a luz, ele apresenta uma leitura com o valor da nota da cor do feijão”, explicou Osny.
O resultado completo e uma foto em que da para ver o tamanho do feijão e o percentual de grãos bons e ruins são publicados no site da bolsa e ficam a disposição dos interessados na compra.
“Na bolsa o comprador faz o pagamento antes no banco. O dinheiro fica preso até que o produto seja recebido pelo comprador e ele diga que o produto está conforme o edital especificou. Então, a bolsa repassa o valor para o produtor rural”, esclareceu o corretor Murilo Garcia.
O agricultor nem precisa ter muita intimidade com a internet. Sindicatos rurais e corretoras de mercadorias podem ajudar em todo processo de venda on-line.
É com a expectativa de não levar mais calote que o agricultor Cledson Benvenutti aposta no novo jeito de vender o que sai da lavoura. “Eu acho que estava faltando uma nova opção de venda. É um canal novo que está se abrindo. Está engatinhando ainda o projeto. Ele viabilizando, nós vamos ter uma válvula muito boa de escape, de novas negociações. Isso pode refletir até em comercialização e preço”, falou.
O colorímetro da notas de quatro a dez para cada lote. Quanto maior o número, melhor a qualidade do grão.
Por enquanto, apenas produtores do Paraná estão vendendo a safra pelos pregões virtuais. No último leilão, a saca do feijão de melhor qualidade chegou a ser vendida por R$ 106,00.
Fonte: www.globo.com