Vendas do setor sucroenergético representam 1,5% do PIB

Cadeia produtiva da cana-de-açúcar movimenta US$ 87 bilhões por ano no País, revela pesquisa da FEARP.

Estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP aponta que o setor sucroenergético no Brasil movimenta US$ 87 bilhões por ano. Somente as vendas de bens finais  (etanol, açúcar, bioeletricidade, levedura e aditivo e crédito de carbono, entre outros) representam 1,5% do PIB nacional, ou US$ 28,1 bilhões. O País, responsável por 50% das exportações mundiais de açúcar, pode chegar a 60% em cinco anos.

O professor Marcos Fava Neves, da FEARP, coordenador do trabalho, explica que o objetivo do estudo foi dimensionar os números de toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, desde os insumos até o consumidor final, incluindo uma análise dos empregos neste segmento. "Mesmo não sendo considerado um ano bom para o setor, a safra 2008/2009 de cana-de-açúcar foi recorde, com colheita de 568,96 milhões de toneladas, numa área de aproximadamente 8,5 milhões de hectares", relata. "O Estado de São Paulo foi responsável por 68,6% da moagem e cana da região Centro-Sul e o Estado de Minas Gerais foi o que mais teve sua produção aumentada nos últimos cinco anos, 1,8%".

A comercialização de um vasto leque de produtos permitiu às usinas um faturamento de cerca de US$ 23 bilhões, sendo US$ 12,4 bilhões com etanol, US$ 9,7 bilhões com açúcar, US$ 389 milhões com bioeletricidade, US$ 67 milhões com levedura, aditivos e crédito de carbono. "As exportações giraram em torno de US$ 7,9 bilhões, o que equivale a mais de 10% das exportações do agronegócio", diz Fava Neves. Para o mercado externo foram US$ 2,37 bilhões em etanol e os principais compradores foram Estados Unidos (34%), Holanda (26%), Jamaica (8%) e El Salvador 7%.

O açúcar, com US$ 5,49 bilhões em exportações, manteve o mercado russo como o maior comprador, com 25%, seguido da Nigéria, Egito e Arábia Saudita. Na comercialização de bioeletricidade, leveduras e aditivos e créditos de carbono foram mais de US$ 450 milhões.

Produção -- A cana-de-açúcar movimenta cerca de US$ 9 bilhões apenas em insumos agrícolas. A cultura responde por 14% das vendas de fertilizantes agrícolas e 9,5% dos defensivos comercializados no País em 2008. Ao mesmo tempo, cresceu a participação dos fornecedores de cana em relação à área da própria usina. "O gasto com a produção de cana-de-açúcar nas fazendas foi em torno de US$ 11 bilhões, sendo mais de US$ 6 bilhões das próprias usinas e cerca de US$ 5 bilhões com a produção dos fornecedores de cana para as usinas", aponta o professor da FEARP. "Isso é importante, pois melhora a distribuição de renda no setor".

Para quantificar o faturamento das empresas que fornecem equipamentos industriais e que prestam serviços de montagens desses equipamentos para usinas, foi analisada a movimentação financeira gerada com a instalação de 29 novas unidades que começaram a produzir em 2008, sendo quatro usinas e 25 destilarias. O faturamento dessas empresas foi estimado em quase US$ 3,5 bilhões.

Além de toda movimentação dos elos de produção e comercialização do setor, existem os chamados agentes facilitadores, que na prática são os prestadores de serviço. Esse grupo, que inclui a parte de transporte e logística, além da pesquisa e desenvolvimento, movimentam mais de US$ 13 bilhões, sendo US$ 6,85 bilhões referentes a impostos agregados, onde não estão incluídos os impostos gerados pela venda de insumos agrícolas e industriais, para eliminar a dupla contagem.

Emprego -- Ainda dentro dos agentes facilitadores está computada a massa salarial. Mesmo empregando mais de 4,2 milhões de pessoas direta e indiretamente, incluindo 1,43 milhões de empregos diretos formais e informais, os pesquisadores concluíram que 54% dos profissionais que passaram pelo setor em empregos formais, 692 mil pessoas finalizaram o ano de 2008 sem vínculo empregatício.

"Esse fato se repete ano a ano, devido aos empregos sazonais que são gerados no pico da safra", afirma Fava Neves. O saldo de empregos em 2008 foi de 588.826 postos, crescimento de 2,9% em relação a 2007. "No total, somente com empregos formais foram movimentados 738 milhões de dólares com a massa salarial desses profissionais", conclui.

De acordo como o professor, o estudo comprovou que a cadeia sucroenergética é de fundamental importância para a economia brasileira, movimenta grande quantidade de recursos, empregos, impostos e tem capacidade de interiorizar cada vez mais o desenvolvimento do País. A pesquisa Mapeamento e Quantificação do Setor Sucroenergético  2008, encomendada pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar de São Paulo (UNICA), foi realizada por um grupo de pesquisadores da FEARP, que integram o Centro de Pesquisa e Projetos de Marketing e Estratégia (Markestrat).

Fonte: Alimento Seguro