Nova fábrica modifica panorama da produção leiteira da Bahia

Investimento estrangeiro traz ao Estado tecnologia inovadora para criação de gado.

Em terras inóspitas, na fronteira da Bahia com Goiás, está surgindo um empreendimento que promete mudar a face da produção leiteira do Estado da Bahia. Resultado de um investimento compartilhado entre produtores brasileiros e neozelandeses, foi implantada, no município de Jaborandi, a 1.031 quilômetros de Salvador, uma fábrica de leite UHT premium, que chegará ao mercado sob a marca Leitíssimo.


Com um rebanho próprio de três mil animais, a Fazenda Leite Verde traz para a Bahia técnicas inovadoras que seguem o modelo de criação de gado leiteiro da Nova Zelândia, hoje o maior exportador de leite do mundo. Neste modelo, o gado é criado em pastagens irrigadas por meio de um sistema rotacional.      

"Este é um modelo que traz vantagens econômicas porque as vacas se alimentam de pasto, o que permite uma estrutura de custo baixo", revela o diretor-executivo da Leite Verde, Craig Bell. No Brasil, é comum o sistema de criação em semiconfinamento, em que os animais são alimentados com ração.
 

Com potencial de produção de 150 mil litros de leite por dia, a fábrica da Leitíssimo começa a operar produzindo 20 mil litros diários com foco no mercado baiano. A produtividade diária gira em torno de 15 litros de leite por vaca, um número dez vezes superior do que a média da Bahia.


Na avaliação dos produtores e representantes da cadeia leiteira na Bahia, a chegada do empreendimento de raiz neozelandesa deverá impulsionar a produção de leite no oeste baiano. Potencial não falta.

   
A região de Jaborandi possui atrativos naturais, como água farta, solos férteis e temperatura adequada, além de terras baratas e mercado consumidor.

    
"A implantação da fábrica poderá ser o embrião na criação de uma nova bacia leiteira", destaca o secretário da Agricultura do Estado, Roberto Muniz.

      
Impulso O presidente da Associação dos Criadores de Gado do Oeste da Bahia, Ricardo Barata, ressalta que este impulso já é uma realidade: "Muitos pecuaristas da região estão começando a investir em gado leiteiro. A tendência é que a produção se fortaleça com a chegada de novas indústrias, dando uma guinada no setor leiteiro daqui".

 
Com um déficit histórico na produção de leite e um cenário de estagnação nos últimos 20 anos, a Bahia é a sétima maior produtora de leite do País,com
911 milhões de litros anuais. Este volume representa uma fatia de 3,56% da produção nacional e sequer consegue atender à demanda dos baianos, que consomem cerca de 1,6 bilhão de litros por ano. No mercado de leite longa vida, a situação é ainda pior. Conforme o Sindleite, pelo menos 90% deste tipo de leite consumido na Bahia vem de outros estados. A única exceção é a Valedourado.

Fonte: PET -EA