Perdigão está perto de acordo para assumir o controle do Leite Nilza

Oferta é de cerca de R$ 70 milhões, mais a assunção de dívidas que passam de R$ 200 milhões

Antes do prato principal – o iminente abate da Sadia –, a Perdigão vai degustar seu hors d’oeuvre. A empresa está perto de fechar a aquisição da paulista Leite Nilza, do empresário Adhemar de Barros Neto, ex-controlador da Lacta.

A oferta gira em torno de R$ 70 milhões e mais a assunção das dívidas da empresa. A operação ainda terá de ser aprovada pelos credores da Nilza, às voltas com um processo de recuperação judicial. O apelo para o sinal verde é grande e vem de todas as pontas envolvidas na negociação.

A Perdigão vai aumentar consideravelmente sua escala no setor de laticínios, incorporando três fábricas – uma em São Paulo e duas em Minas Gerais. Adhemar de Barros Neto vai se livrar de um azedume financeiro. A empresa tem mais de R$ 200 milhões em dívidas. Os credores da Nilza, por sua vez, verão a companhia cair no colo de um grupo com muito maior fôlego, o que multiplica as chances de saneamento da situação financeira.

Há ainda um personagem fundamental neste enredo: o BNDES. Dono de 35% do capital da Nilza, o banco vê com bons olhos não apenas a transferência do controle da empresa como também a consolidação de uma grande indústria nacional de laticínios sob a marca Perdigão.

Curiosamente, a Perdigão está prestes a fisgar um peixe que quase caiu na rede da Sadia. No ano passado, antes que as gordurosas operações com derivativos entupissem suas veias financeiras, a empresa dos Fontana chegou a negociar uma joint venture com a Leite Nilza.

O plano da Perdigão é consolidar os ativos da companhia dentro da Eleva, seu braço na área de laticínios. A nova operação vai aumentar consideravelmente os ganhos de escala da empresa na Região Sudeste, notadamente em Minas e em São Paulo.

A aquisição representa uma mudança de rota da Perdigão, que, no ano passado, deixou de lado novas incorporações no setor para se concentrar no aumento da produção e da distribuição. O resultado, no entanto, não foi dos mais saborosos. Inexplicavelmente, em 2008, a Eleva praticamente manteve o nível de produção do ano anterior, de 1,3 bilhão de litros de leite – em 2007, o aumento da capacidade produtiva foi de 47%.

Source: Pura Leche adaptado pela Equipe Milknet