Qualidade a toda prova. Cetec vai desenvolver kit para análise rápida do leite
Produtores e consumidores vão ganhar um aliado para monitorar a qualidade do leite, dentro de no máximo três anos. Pesquisadores da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), em parceria com a empresa Biotécnica Indústria e Comércio, vão desenvolver um kit para monitoramento da qualidade do leite, mais simples e rápido do que os procedimentos tradicionais. Além de atender indústrias, transportadoras e estabelecimentos comerciais, a novidade permitirá também que o próprio consumidor verifique se o leite realmente tem qualidade sanitária e nutricional recomendada, ou a se prevenir contra alterações, já que será de fácil manuseio.
A iniciativa foi aprovada pelo edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe). O programa vai liberar recursos de cerca de R$ 490 mil para que a Biotécnica possa desenvolver o kit. Para que possa ser validado como um instrumento eficiente de análise, o Cetec fará a validação do kit por comparação com os procedimentos usados convencionalmente em laboratórios de análise de alimentos.
A duração do projeto será de dois anos para desenvolvimento e validação do kit, que deverá estar pronto para ser comercializado no ano seguinte ao final do projeto, após registro no Ministério da Agricultura e no Ministério da Saúde (Anvisa), e com o registro de patente em andamento.
De acordo com a pesquisadora do Setor de Biotecnologia e Tecnologia Química, Christiane Contigli, um dos focos de interesse do Cetec na área de qualidade de produtos alimentícios é relacionado à qualidade do leite e dos laticínios e, ao apresentar a demanda à Biotécnica, os pesquisadores da empresa tiveram a idéia de fazer um kit de análise que atenderia esse interesse.
O coordenador do projeto e consultor de pesquisa e desenvolvimento da Biotécnica, Márcio Henrique Lacerda Arndt, acredita que o kit deverá ter, no máximo, o tamanho de uma caixa de 25cm x 20cm x 15cm. Será portátil e simples de usar. “O kit será composto por uma caixa contendo um suporte para reação, reagentes em frascos conta-gotas e instruções operacionais. Não serão usados compostos perigosos ou tóxicos na sua fabricação, mas sua composição química ainda é informação restrita aos pesquisadores envolvidos no projeto.” De acordo com Arndt, “a intensidade da coloração, comparável a uma escala de cores que acompanha o produto, indicará a concentração de cada tipo específico de resíduo ou aditivo na amostra. Poderão ser identificados resíduos de fermentação anormal do leite e alguns tipos de alterações mais frequentes.”
Christiane explica que a água oxigenada, por exemplo, é usada para matar ou impedir o crescimento de microrganismos, sendo tóxica quando em grande concentração. Apesar de se degradar depois de algum tempo, acaba diluindo os nutrientes presentes no leite. Já a soda cáustica é uma das bases que podem ser usadas para controlar a acidez do leite e evitar que ele talhe. Essa acidez resulta do crescimento microbiano. “Essas duas alterações são usadas para mascarar possíveis contaminações microbiológicas, decorrentes da manipulação do leite em condições de higiene inadequadas.” Ela lembra que, atualmente, não existe nenhuma forma de o próprio consumidor verificar se o leite realmente tem a qualidade sanitária e nutricional recomendada ou se prevenir contra alterações.
Fonte: EMBRAPA