O fim da gordura trans

Entender os componentes das substâncias ingeridas e suas conseqüências para o organismo garante uma alimentação mais saudável e uma vida mais longa

Todos os produtos industrializados devem ter retirados de suas fórmulas, até o final de 2010, qualquer índice de gordura trans. A decisão do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) poderá evitar cerca de 260 mil mortes por ano. De acordo com o Ministério, o excesso dessa substância pode ocasionar doenças cardiovasculares e diabetes, além de aumentar o LDL (colesterol ruim) e diminuir o HDL (colesterol bom) no organismo.

A gordura trans é formada por um processo de hidrogenação natural ou industrial e geralmente é encontrada em alimentos industrializados como as bolachas, salgadinhos, maionese, sorvete e chocolate. Seu objetivo é conservar os alimentos e deixá-los mais saborosos e macios por mais tempo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) não se deve consumir mais de 2 gramas da substância por dia. A quantidade é encontrada, por exemplo, em 4 biscoitos do tipo waffer.

A decisão de eliminar a gordura trans dos alimentos fez com que alguns fabricantes a trocassem pela saturada. Especialistas afirmam que esse tipo de gordura pode ser também muito prejudicial à saúde e seu consumo não deve exceder em 10% do total de gorduras ingeridas diariamente. “A gordura saturada aumenta a taxa de colesterol no sangue, o que estimula a produção de placas de gordura, que vão se acumulando nas artérias, obstruindo-as e causando doenças cardiovasculares. Elas podem ser encontradas no óleo e derivados de coco, bacon e banha de porco, carnes gordurosas e laticínios integrais como manteiga e alguns tipos de queijo”, afirma o vice-presidente para América Latina da International Association for the Study of Obesity e professor associado da PUC-Rio, dr. Walmir Coutinho.

Enquanto a medida do governo ainda não é cumprida por todas as indústrias alimentícias, é preciso estar atento aos rótulos e embalagens e verificar suas informações nutricionais. O dr. Walmir dá a dica: “Entender os componentes das substâncias que estamos ingerindo e suas conseqüências para o organismo garante uma alimentação mais saudável e uma vida mais longa. Isso porque a gordura, além de ser o composto que mais engorda, pode trazer uma série de complicações futuras para a saúde como hipertensão e diabetes do tipo 2”, explica o especialista.

Aproximadamente 40% dos brasileiros apresentam sobrepeso, dos quais 12,7% são obesos. Manter o peso ideal não é somente uma questão de estética, mas um cuidado necessário para evitar o desenvolvimento de doenças, ter uma melhor qualidade de vida e mais disposição. Além de uma boa alimentação, rica em verduras e frutas, é preciso beber de 1 a 2 litros de água por dia, praticar exercícios físicos regularmente e evitar o tabagismo e ingestão excessiva de bebidas alcoólicas.

Para algumas pessoas, o uso de medicamentos como coadjuvantes no processo de emagrecimento pode ser necessário. Um especialista poderá indicar a melhor opção para cada caso. A substância orlistate, comercialmente conhecida como Xenical, é uma das opções para a perda saudável e manutenção do peso. O medicamento bloqueia a absorção de 30% da gordura ingerida e é o único que não age no sistema nervoso.

Segue tabela com a quantidade de gordura trans encontrada em alguns alimentos que ingerimos diariamente:

Produto

Quantidade

Gordura Trans

Biscoito água e sal

6 unidades (30g)

0,4 g

Biscoito recheado

2 unidades (30g)

1,0 g

Biscoito tipo waffer

4 unidades (30g)

2,1 g

Sorvete de creme, com recheio de doce de leite coberto com chocolate ao leite

1 casquinha (81g)

1,4 g

Fonte: Farol Comunitário