Cachaça é objeto de análises laboratoriais do Setor de Engenharia de Alimentos da UFG

Com relatos de mais de dois milênios de existência, a cachaça se tornou um nome forte na cultura brasileira, bem como parte da identidade do país. Suas diferentes formas de consumo, associadas a seu gosto peculiar, atraem a atenção de pessoas daqui e de vários lugares do planeta. Com o intuito de estudar e aperfeiçoar o processo de elaboração da popular e importante bebida, Karla Cristina Rodrigues Cardoso, graduada em Engenharia de Alimentos e, atualmente, mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, na Universidade Federal de Goiás, integra o grupo de pesquisadores do Laboratório de Bebidas, que promove testes durante as etapas de produção da cachaça. Para falar mais sobre estes estudos, Karla respondeu algumas questões de nossa equipe. Leia a entrevista:

• Qual a intenção desta pesquisa?

O Laboratório de Bebidas tem como objetivo principal a realização de estudos que visam contribuir com novas tecnologias, estudo de métodos e materiais alternativos, bem como da qualidade sensorial e físico-química na produção e na etapa de envelhecimento da cachaça. Fazemos análises de qualidade do produto, segundo preconizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, além de testes sensoriais com objetivo de avaliar a aceitação e a evolução das características organolépticas do produto.

• Qual o seu público-alvo?

O público-alvo da pesquisa são os produtores (alambiques e destilarias), que necessitam agregar valor aos seus produtos, pois, a cada dia que passa, o mercado e os consumidores se tornam mais exigentes, aumentando a necessidade dos produtores de oferecerem mercadorias com características de alta qualidade e preço competitivo.

Hoje, a cachaça é feita com padrões comparáveis aos dos nobres destilados do mundo, como o whisky, a grappa, o conhaque, a vodca e a tequila. Mas ainda buscamos, através de estudos alternativos, o aperfeiçoamento deste processo produtivo.

• A que você atribui o grande consumo de cachaça no Brasil?

A história da cachaça se inicia praticamente no mesmo momento em que se inicia, no Brasil, o processamento da cana-de-açúcar para a fabricação do açúcar mascavo. Tem sua origem atribuída aos escravos que trabalhavam nos engenhos no inicio do século XVI. Tornou-se uma bebida muito popular, principalmente entre as classes menos favorecidas, mas, aos poucos, sua qualidade foi sendo aprimorada e sua produção cresceu, passando a ter grande importância econômica para o Brasil, no final do século XX. Hoje, a cachaça é exportada para várias partes do mundo e seu sucesso pode ser atribuído ao seu sabor característico, que agrada aos mais diferentes paladares, e, também, a sua diversidade de consumo, que pode se dar através de drinks muito conhecidos, como a famosa “caipirinha”.

• A cachaça só é útil para ingestão, ou ela possui outra finalidade?

A principal finalidade da cachaça é seu consumo como bebida destilada, que deve ser feita com moderação, pois possui teor alcoólico que pode variar de 38% a 48%. Entretanto, o etanol destilado do caldo fermentado, quando submetido a outras etapas de processamento, dá origem ao etanol combustível, que é uma fonte renovável de combustível em alta no Brasil e no mundo, como alternativa para substituição dos combustíveis fósseis.