Pesquisa sobre o uso de agrotoxicos no tomate

Pesquisa na Engenharia de Alimentos sobre o uso de agrotóxico em tomate

Em entrevista com Professor Dr. Claudio Fernandes Cardoso, formado em Engenharia de Alimentos, Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado em Tecnologia de Alimentos, foi abordado assuntos em relação ao seu desenvolvimento de pesquisas sobre o tomate, dentre elas, duas são pesquisas com parceria de empresas provas, uma é pesquisa em o uso de agrotóxicos em tomates e outra pesquisa em híbridos de tomate.

Uma de suas pesquisas foi publicada no Food Chemistry, Quality A1. A pesquisa tinha como objetivo avaliar a degradação de resíduos dos agrotóxicos acefato, ciazofamida e clorpirifós em tomates, analisando o períodos de carência, através do método PSI-MS. Orientada pelo Professor Cláudio, a pesquisa foi realizada por alunas da Engenharia de Alimentos, a Ana Carolina Martins Moura e a Izadora Neves Lago.

Os agrotóxicos analisados na pesquisa foram utilizados em dois locais diferentes: na horta da Escola de Agronomia, com o auxílio do curso de agronomia e a Profa. Dra. Abadia dos Reis Nascimento, Coordenadora da horta e na Fazenda Experimental da Cargill em Hidrolândia, nas quais foram aplicadas os agrotóxicos e durante o período de carência e foram realizadas análises químicas no Laboratório de Cromatografia e Espectrometria de Massas (LaCEM), em nome do Prof. Dr. Boniek Gontijo Vaz.

No Brasil os tomates são plantados entre os meses de fevereiro e junho e colhidos entre junho e outubro, nos meses de fevereiro e outubro podem ocorrer chuvas e uma grande quantidade de pragas podem surgir devido ao excesso de chuva, consequentemente uma elevada umidade. O agrotóxico ciazofamida é o mais encontrado em produtos atomatados. Para a detecção de resíduos agroquímicos é necessário o uso de recall, o qual detecta esses resíduos em produtos, mas em muitas vezes esse controle não é realizado com muita frequência.

O período de carência de cada agrotóxicos deve ser respeitado para que não haja resquícios no produto final pois quem arca com as consequências são as indústrias e não o produtor do tomate. Se esse pedido de carência não for respeitado pode ocorrer prejuízos para a indústria que são: a notificação da empresa pela ANVISA, recolhimento de todo o lote, marketing negativo para a empresa, e a aplicação de multa.

Para a pesquisa em questão foram aplicados agrotóxicos em diversos tomates, para a aplicação não houve mistura de agroquímicos, também foram conservados produtos sem o uso de agrotóxicos que são chamados de “brancos”. Após a colheita os frutos foram acondicionados em câmaras frias no setor da Engenharia de Alimentos na UfG e foram analisados cada tomate separado durante o período de carência com quatro amostras em cada. Além de análises com os frutos colhidos foram feitas também em produtos ainda vinculados à planta-mãe. Com isso reparou-se que produtos anexados à planta-mãe possuem um metabolismo mais acelerado e por isso realizam a depuração do agrotóxico de forma mais rápida e  eficaz.

Além de todas essas análises foram feitas outras após o ensacamento do fruto com papel kraft (cacho a cacho do fruto). Com isso foi observado que com o ensacamento dos produtos a absorção de agrotóxicos pelo produto é menor devido à grande capacidade de metabolização da planta-mãe, se o agrotóxico for aplicado diretamente ao fruto a absorção é excessiva.

Após esses processos foram feitas análises em cada parte do fruto: casca (película), polpa e semente, foi percebido que nas sementes a absorção é muito maior e isso pode causar enormes prejuízos para a indústria farmacêutica pois utilizam essas sementes para a extração de óleos que são de alto valor agregado. Já para a polpa não há grandes prejuízos, bem como para a película do fruto.

No Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) existe o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) que possui mais de 50 agrotóxicos que podem ser aplicados em diversos produtos, dentre eles foram escolhidos e testado os três melhores para atomatados. As grandes indústrias possuem equipamentos para essas análises dos frutos outras contratam laboratórios para isso. Os períodos de carência dos agrotóxicos não dependem da quantidade de produto que é lançado à plantação, depende apenas da marca do produto, os quais são diferentes uns dos outros variando assim cada período.

Há uma grande necessidade das indústrias dialogarem melhor com os produtores com a finalidade de conseguir um manejo melhor, bem como melhor logística e planejamento com a finalidade de diminuir o não respeito ao período de carência dos agrotóxicos.  As aplicações só são feitas quando há presença de pragas, acaso não parecer não é viável o uso de agrotóxicos por conta de contaminação e alto custo. As pragas são imprevisíveis, dessa forma elas podem aparecer dias antes da colheita e estragar grande parte dos planejamentos por ter que inserir agrotóxicos e o período de carência não poder ser respeitado. Se a praga for no início da safra, pode ser controlada com pulverização de agrotóxicos para o controle imediato.

Atualmente a Universidade Federal de Goiás tem sido referência para as indústrias de Tomates do estado de Goiás, devido aos cursos de Engenharia de Alimentos e Agronomia, oportuno as pesquisas nesse âmbito.