PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL
A cerveja é uma das bebidas alcoólicas mais populares entre os brasileiros. A bebida está em diversos cenários do país, desde bares e comércios, até a mesa do consumidor. O cenário cervejeiro brasileiro começou a mudar a partir do ano de 1888, quando surgiu a Companhia Antarctica Paulista e a Manufactura de Cerveja Brahma Villiger e Companhia, as duas principais indústrias do país. A partir da década de 1990, mais principalmente após a virada do século, ocorreu um fenômeno no Brasil intimamente ligado a um “renascimento cervejeiro” observado nos Estados Unidos e em partes da Europa e que vem alterando o mercado da cerveja nacional, e, juntamente, a própria percepção que as pessoas têm sobre a bebida: o surgimento e rápido crescimento da produção e do consumo de cervejas artesanais [1]. A partir daí, a prática de produzir cervejas caseiramente passou a ganhar um número considerável de adeptos no território nacional. Nos tempos atuais, diversas pessoas aderiram a proposta da produção de cervejas artesanais, tanto para consumo próprio, quanto para venda e comercialização.
Tendo isso em vista, foi realizado uma entrevista com a professora Lydia Tavares, formada em Engenheira de Alimentos e mestre em ciência e tecnologia de alimentos.
Quando e porque a senhora resolveu trabalhar com cerveja artesanal?
Trabalho no SENAI Vila Canaã e comecei a trabalhar com cerveja artesanal há dois anos. Como atuo com cursos voltados a produção de alimentos e percebemos o mercado aquecido para o segmento de cerveja artesanal, o Senai decidiu atuar capacitando as pessoas que produziam em casa e tinham prejuízos com uma produção mal planejada e execução sem embasamento técnico.
Qual o intuito do trabalho dentro da instituição?
O intuito é capacitar qualquer pessoa que queira produzir uma cerveja de qualidade. Assim como também auxiliar no segmento industrial, aqueles produtores que buscam comercializar sua cerveja.
Qual a principal diferença entre a cerveja tradicional e cerveja industrial?
Cerveja artesanal é aquela produzida em âmbito doméstico ou pequenas escalas. Geralmente, é uma cerveja sem pasteurização, mas com muita criatividade e aspectos sensoriais muito inovadores e criativos.
Cerveja industrial é aquela produzida em uma fábrica, padronizada, pasteurizada e com um controle de qualidade e vida de prateleira.
Quais são as principais etapas na produção de cerveja artesanal?
Temos a fase quente e a fase fria. A fase quente engloba a mosturação, com extração de açúcares do malte e obtenção do mosto. Esse mosto então é esterilizado mediante fervura, e em seguida, resfriado para iniciar a fase fria. Na fase fria temos a fermentação e maturação para em seguida realizar o envase da cerveja.
Qual é o segredo para se produzir uma boa cerveja artesanal?
Ter higiene e muita criatividade.
Qual o motivo, na sua opinião, da cerveja artesanal ainda não ser tão consumida se comparada a cerveja industrial?
O custo de produção acaba tornando a bebida mais cara que a industrial. Infelizmente o preço de compra ainda é muito avaliado pelos consumidores.
Como a mulher se encaixa nesse mercado cervejeiro?
A mulher tem uma acuidade sensorial muito particular. Nesse sentido a atuação como sommelier se encaixa perfeitamente. Fora isso, a mulher pode fazer tudo aquilo que ela se propor a fazer. Não existe impedimento nenhum para ela trabalhar na produção propriamente dita.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] DE VARGAS GIORGI, V. “Cultos em cerveja”: discursos sobre a cerveja artesanal no Brasil. Sociedade e Cultura, v. 18, n. 1, 18 abr. 2016.