Antropoentomofagia

Insetos Comestíveis: Os Alimentos do Futuro

AntropoentomofagiaFonte: bbc.com

Para 2050 é esperado que a população da Terra chegue a nove bilhões de pessoas e com isso a apreensão é se terá alimento suficiente para todos. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostra que a superpopulação ocasionará em uma menor disponibilidade de alimentos e disponibiliza ainda uma pesquisa feita por holandeses na qual salienta que a produção e consumo de insetos pode ser uma possibilidade para acabar com a fome mundial.

O consumo de insetos comestíveis ainda possui uma grande resistência em alguns lugares do mundo, por outro lado, a FAO aponta que em partes da Ásia, África e América Latina, o mesmo já compõe o cardápio de aproximadamente dois bilhões de pessoas.

ASBRACIA ASBRACI (Associação Brasileira dos Criadores de Insetos) foi fundada no início de 2015 com o objetivo de reunir, regulamentar e fortalecer o setor de criação e comercialização de insetos no Brasil.
Seus fundadores foram: Casé Oliveira (Biólogo e professor), Gilberto Schickler (Zootecnista), Eraldo Medeiros (Biólogo e professor), Vivian Eliana Sandoval Gomez (Bióloga e Professora), João Luiz Pisa (Agronômo) Rossano Linassi (Professor e Gastrônomo) e François Ferreira Rozwadowski (Bioquímico).

Foi realizada uma entrevista com um dos fundadores da ASBRACI, o biólogo Casé Oliveira, que explicou que “Entomofagia é uso de insetos comestíveis na alimentação animal, sejam em forma de produtos processados com os insetos como ingredientes ou inteiros, vivos/desidratados, já para alimentação humana o termo mais utilizado é antropoentomofagia ou Bug's Food.”.

Abaixo encontram-se algumas perguntas feitas na entrevista com o Casé Oliveira:

Por qual motivo o senhor se interessou à antropoentomofagia?

 “Desde criança fui familiarizado com os insetos na alimentação com o consumo de iças/Tanajuras, formigas e até grilos e na graduação optei por seguir nessa linha de pesquisa e trabalho, me especializando em Antropoentomofagia e Gastronomia Autoral.”

Quais os benefícios que o consumo de insetos traz à saúde e ao meio ambiente? Há algum risco de consumi-los?

“Os insetos alimentícios são considerados super alimentos, pois contém elevada porcentagem de proteína, maiores do que as carnes tradicionais, baixos níveis de gordura, e outros nutrientes essenciais a vida e em alguns casos pertencem a fauna nutracêutica aquela que nutre e cura, com estudos avançados até para auxiliar no tratamento de Alzheimer, além de serem saborosos. Quanto ao meio ambiente, são uma fonte de alimento que menos agride o planeta, pois exigem 160 vezes menos espaço para criação, menos emissão de gases de efeito estufa, água e ração em sua produção.  Quanto aos riscos, os insetos alimentícios se adquiridos de bio fabricas específicas para alimentação, sã seguros como qualquer outro alimento industrializado. E não se deve coletar qualquer inseto da natureza e alimentar-se dele, mesmo os catalogados para tal.”   

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não reconhece os insetos como alimentos, estabelecendo normas de produção, comercialização e fiscalização. Dessa forma, você acredita ser possível tornar o mercado de insetos tão conhecido no Brasil como ocorre em outros países?

Para alimentação humana não há qualquer lei que proíba, porém nossa legislação alimentar remonta de 1948 com pequena modificação em 2017 e o único inseto incluído foi a abelha e seus produtos, os insetos alimentícios são permitidos de forma artesanal e qualquer empresa alimentícia pode peticionar junto a ANVISA a  inserção de insetos alimentícios  como novo produto ou novo ingrediente código 404. Nós da ASBRACI não só acreditamos que o Brasil será um dos grandes produtores e nível mundial como trabalhamos para a regulação e consolidação desse mercado.”

Em entrevista concedida a BBC News Brasil, a Anvisa diz que "considerando que o consumo de insetos não possui histórico de uso como alimentos pela população brasileira, as empresas interessadas em utilizar insetos na produção de alimentos devem solicitar junto à Anvisa avaliação da sua segurança” e completa ao dizer que “caso seja demonstrado que as condições e finalidade de uso desses insetos na produção de alimentos é segura para o consumidor, seu uso é autorizado".

Casé finaliza a entrevista expondo que a ASBRACI apoia o 1º Congresso Brasileiro sobre insetos para alimentação e tecnologias associadas o INSETEC 2019 que ocorrerá em Minas Gerais na UFMG Campos Montes Claros.

Para mais informações sobre este evento acesse:  www.insetec2019.com.br.